Bom, queria dar um respaldo ao meu último post, afinal, não é por que vocês não devem acreditar em mim que eu seja mentiroso...
Então, continuando meu épico sobre pesquisas científicas e
animais, gostaria de introduzir um tema no qual sou um grande especialista:
Pesquisas sobre câncer utilizando-se de coelhos...
Como sugeri no post anterior, entrei no google acadêmico e digitei: Câncer Coelhos
E peguei o primeiro artigo que achei (vai la conferir, eu posso estar mentido)... E agora queria destrinchá-lo na medida do possível. No final acabei escrevendo um texto meio grande para um post, e sei que a maioria das pessoas não gosta de ler mais de dois parágrafos, então vou tentar resumir, espero que mantenham a atenção.
Bom, eu li esse artigo completamente aleatório, que não faz parte da minha pesquisa e nunca vai me ajudar em absolutamente nada (acredito eu), e posso afirmar com absoluta certeza, de
que compreendi cerca de 40% dele... Mas acho que é o bastante para provar um
ponto. Ninguém quer ler essas pesquisas a não ser que esteja realmente pesquisando
isso. Discutir um tema é fácil, ler as fontes, aí é que está o problema.
Vamos lá, o propósito aqui é apresentar o artigo e mostrar
parte do que eu entendi... Ok? E como eu sempre digo, não acreditem em mim... O
google é uma tecnologia simples, basta ser alfabetizado e saber usar a
internet (e se você está lendo isso, aqui, já passou no teste!)...
A pesquisa que encontrei se chama "Resposta
radiodosimétrica de implantes de sementes de biovidros radioativos no cérebro
de coelhos". O que entender disso? Vai saber... Mas é pra isso que fomos
alfabetizados...
O Artigo foi publicado em 2007 na Revista Matéria (no volume
12, número 3, entre as páginas 480-486). Os autores são Costa e Campos, do
programa de pós-graduação em Ciências e Técnicas Nucleares, da UFMG. Para os
parâmetros acadêmicos já não é um estudo muito atual, mas para os propósitos
do post, está mais que perfeito.
O artigo
O artigo científico, para quem não conhece, começa com a
introdução, onde será apresentado o tema da pesquisa, as lacunas do
conhecimento atual e o objetivo da pesquisa que foi realizada... Bem, vamos
então ao início:
Os autores começam escrevendo que o câncer é uma "coisa
ruim" (em outras palavras, obviamente) e que no Brasil, em 2006, tivemos
472.050 novos casos de câncer, sendo este o segundo maior caso de morte no
país. Aí começam a introduzir o tema específico deles, o tumor cerebral. Sobre
estes tipos de tumor, os dados estatísticos são escassos, mas que em 1990, foram responsáveis por 2% dos casos de morte por câncer (em todo o mundo).
Quanto às formas de tratamento, Costa e Campos afirmam que
existe a intervenção cirúrgica, a imunoterapia, a quimioterapia e a radioterapia
(sempre com referencias a outros estudos que explicam melhor esses tratamentos). O alvo deles, pelo que entendi é a braquioterapia, em que implantes de material radiotivo são "incorporados no leito do tumor".
Pelo que entendi, nessa técnica, é colocado o material radiotivo dentro da cabeça do sujeito, o que
garante um efeito mais direcionado sobre o tumor... (Mas não acreditem em mim,
sou completamente ignorante no assunto...). E pelo que entendi do título essas são as tais "sementes", que podem ser temporárias ou permanentes. O problema deste
procedimento é que os implantes são caros e podem acarretar em fibroses (o que
é ruim, acredite...). MAS, o grupo de pesquisa deles (NRI/CNPQ) desenvolveu um
novo material para solucionar estes problemas, são materiais que eles chamam de
"biovidros", que são "bioativos", e se degradam com o tempo.
E aí, chegamos ao objetivo da pesquisa (fica a dica: é sempre o último parágrafo da introdução...) que é: Avaliar as
doses dos implantes de biovidros em modelo animal, com o intuito de avaliar a
viabilidade desta alternativa no tratamento de tumores cerebrais.
Ok até aqui, então vamos para os materiais e os métodos utilizados nas
pesquisas. Por que isso é importante? Para explicar para outros cientistas da
área o que foi feito e, assim, verificarem a validade do estudo e garantirem a
replicabilidade do mesmo (ou seja, como fazer o mesmo estudo em outro laboratório, para validar ou refutar os dados que apresentam).
Bom, eles usaram o radioemissor Samário-153 (eu não conheço
nada disso, mas estou aprendendo) e dão a justificativa para o uso deste
material, descrevendo suas características principais. Já para o implante, foram
escolhidas as sementes "biocerâmicas" (é diferente de biovidro? Não
sei, tem que pesquisar mais, mas fica só a dica) compostas de.... Um monte de
coisa que desconheço e, sinceramente, nem vale a pena entender para colocar
aqui... Mas são bem pequenininhos... O que é importante né? Pra ninguém pensar que é uma bola de golfe ou coisa que o valha...
Quanto ao método, eles utilizam a técnica de simulação
de Monte Carlo, que, pelo que entendi em
um a pesquisa porca no google, é um método de simulação de efeitos em uma vasta
gama de variáveis, ou seja, ela foi utilizada para tentar mostrar todos os
possíveis efeitos da variável que estão estudando. Segundo as referências que os
autores dão, ela é utilizada na área deles para determinar exatamente as doses absorvidas em
órgãos e tecidos em diversos tipos de procedimentos de braquioterapia. E eles
observam isso por meio de tomografias computadorizadas.
E aí, só aí, que começa a parte onde a galera pira. Foi utilizado
um (01!) coelho da raça Nova Zelândia, macho, pesando 2,5 Kg. Pelo que entendi o
tumor foi induzido nesta cobaia para testar as sementes radioativas no
tratamento deste tumor. E ai vem a parte em que ninguém deve acreditar em mim (e
eu acredito porque eu acho que estou certo e se não achasse não estaria
escrevendo...). Com a simulação adotada eles teriam todos os possíveis
resultados no tratamento, ou seja, fazem o teste no animal e, além disso, fazem a simulação de tudo o que poderia acontecer (além daquilo que realmente aconteceu, é claro...) com este animal pelo modelo
computacional. Ok até aqui?
Bom, ai eu cheguei nos resultados e fiz o que sempre faço
quando leio um artigo do qual não tenho a menor base para entender... Eu
pulei... É, isso mesmo. Me processem.
Mas com esses resultados, os autores concluem que a
simulação foi satisfatória para embasar suas hipóteses, de que os implantes
apresentaram os efeitos desejados. No entanto, foram poucos implantes, e assim, incapazes de tratar um tumor (e isso eu acredito que eles já sabiam, mas essa é uma pesquisa
inicial, e como sempre, as pesquisas começam do menor para o maior). E que nas
próximas pesquisas eles vão tomar outras providências metodológicas que se
aproximem mais daquilo que é necessário para o tratamento de tumores (mais
implantes, menor espaço entre eles, etc...)
Não quero me alongar muito na minha discussão sobre o assunto e sobre o artigo. Meu intuito aqui é: leiam pesquisas científicas que se utilizam de modelos animais. Eu posso ter sido tendencioso e na minha busca coloquei câncer (que é uma doença apavorante para todos nós) e Coelhos (que, pra mim, causam menos furor que cães, por exemplo), mas façam suas próprias pesquisas. Busquem por: Cosméticos Cães; ou então: Analgésicos Gatos; ou: Pneumonia Primatas... Sei lá. Se possível, façam todas as buscas, mas leiam os estudos, e não apenas o que os outros dizem sobre a pesquisa com animais, não acreditem em tudo o que falam por aí (e nem por aqui). E outra coisa, não pensem que estudos com animais são apenas médicos, existem muitas pesquisas em animais sobre comportamento, uma área que entendo mais e pretendo discutir em outro momento.
Só pra finalizar, acho que essa pesquisa serve pelo menos para quebrar o mito do: Existem métodos alternativos para o estudo com animais. Como viram, eles usaram uma simulação computacional, mas isso NÃO substitui o uso do modelo animal, e sim, no máximo, diminui o número de cobaias, o que é fantástico, mas ainda esta muito longe do que muitas pessoas querem acreditar...
Abraços e até o próximo.
Referência: Costa, I. T. & Campos, T. P. R.
(2007) Resposta radiodosimétrica de implantes de sementes de biovidros radioativos
no cérebro de coelhos. Revista Matéria,
v. 12, n. 3, pp. 480 – 486
Nenhum comentário:
Postar um comentário